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Foto do escritorKaroline Meyer

MERGULHANDO COM OS PEIXES-BOI


Tive a oportunidade de mergulhar com estes doces animais...

Quando cheguei no local o tamanho, a cor e a pele áspera me assustaram mesmo que à distância. Já na borda do tanque, coloque os pés para sentir se iriam se aproximar... Nada... Alguns minutinhos depois, cai na água, fui até o fundo e então TODOS decidiram ir até o fundo fazer o primeiro contato comigo!!!!

O tanque tinha 5 metros de profundidade, cada bichano pesava de 200 a 300 kg, eram 4 adultos, então eu tinha sob mim, quase 2 toneladas ! A cabeça era pequena se comparada com o corpo roliço, ao tentarem se aproximar de mim, acabavam literalmente me esmagando ... mas eu escapava para um lado , para o outro e continuava brincando com eles.

Muito curiosos, muito dóceis, um deles chegou a me agarrar com as patas e me dar um enooormeeeeee beijo do lado inteiro do rosto.

No projeto também tive a chance de amamentar um filhotinho com uma gigante mamadeira!

Saiba mais sobre estes doces animais abaixo:

O peixe-boi marinho (Trichechus manatus) era encontrado desde o Espírito Santo até o Oiapoque/AP. Devido à caça intensa ele desapareceu dos estados do Espírito Santo, Bahia e Sergipe. Hoje existem apenas cerca de 500 animais nadando em nosso litoral.

Apesar de seu nome, o peixe-boi é na realidade um mamífero que, assim como golfinhos e baleias, está totalmente adaptado à vida no ambiente aquático. Isso quer dizer que apesar deste animal depender completamente da água para viver, ele precisa vir a superfície de tempos em tempos para respirar.

Há aproximadamente 50 milhões de anos, muito antes do Homem surgir na superfície da Terra, um ancestral do peixe-boi começou a se aventurar de volta às águas, provavelmente em busca de alimento. Com o passar do tempo este animal começou a se adaptar à vida na água. Seu corpo se tornou mais alongado, as patas posteriores desapareceram e as patas anteriores se transformaram em nadadeiras. Ele também desenvolveu uma poderosa cauda que lhe permitiu deslocar-se dentro d’água, obtendo assim um formato mais hidrodinâmico. Seus pêlos tornaram-se finos e esparsos, diminuindo o atrito com a água. Os exemplares atuais do peixe-boi marinho medem em média 3 metros de comprimento e pesam entre 400 e 600 Kg.

Alguns exemplares podem atingir até 4,5 m e pesar mais de uma tonelada. Este grande animal assim como seu parente mais próximo, o elefante, alimenta-se exclusivamente de vegetais. De fato, Colombo ao chegar ao Novo Mundo viu peixes-bois se alimentando em meio aos bancos de sargaço do mar caribenho. Ao ver aqueles animais com o sargaço sobre suas cabeças os confundiu com mulheres de longas cabeleiras e achou que estavam vendo sereias. Vem daí o nome da ordem Sirênia, a qual pertence o peixe-boi.

Longe de serem campeões de apnéia como o cachalote (Physeter macrocephalus), que consegue mergulhar por 90 minutos e atingem mais de 2.000 metros de profundidade, o peixe-boi se adaptou a mergulhos que atendem suas necessidades básicas. Por se alimentarem apenas de algas e outras plantas aquáticas, os peixes-boi normalmente não mergulham muito fundo, ficando em águas mais rasas, de até 10 metros de profundidade, onde a luz consegue penetrar e seu alimento cresce. Quando em repouso podem permanecer em apnéia por até 25 minutos, mas em geral eles respiram de 1 a 2 vezes a cada cinco minutos. Suas narinas, que ficam na extremidade de sua cara, possuem duas válvulas que permanecem fechadas o tempo todo, impedindo que a água entre. Elas só se abrem quando o peixe-boi chega à superfície para respirar. Neste momento ocorre uma rápida expiração, seguido de uma inspiração profunda, e suas narinas voltam a se fechar. Essa respiração dura aproximadamente 3 segundos e é o tempo necessário para que o animal troque aproximadamente 90% do ar de suas vias aéreas (apenas para comparação, o ser humano troca apenas 10% de seu ar em uma respiração). A natureza parece procurar soluções simples para resolver seus problemas.

Enquanto os pássaros desenvolveram ossos porosos e leves para lhes possibilitar voar, os peixes-boi possuem ossos densos e pesados, que auxilia-os nos mergulhos, permitindo que eles permanecem no fundo se alimentando ou repousando, sem fazer grandes esforços. Alguns ossos do peixe-boi não possuem nem mesmo a medula óssea, como forma de torná-los mais densos.

Outra adaptação que favorece o mergulho nos mamíferos aquáticos é o tamanho das hemáceas. As hemáceas possuem em seu interior hemoglobina, um pigmento que é o responsável pelo transporte de oxigênio para nossas células e pela retirada do CO2. As hemáceas dos mamíferos aquáticos podem ser até 60% maiores que a do ser humano e possuir até 30% mais hemoglobina em seu interior. Isso faz com que ele seja mais eficiente nas trocas O2/CO2. Os peixes-bois possuem hemáceas maiores até que a dos golfinhos. Ao mergulhar os peixes-bois e os golfinhos apresentam uma diminuição da freqüência cardíaca, o que é chamado de bradicardia. Essa bradicardia é uma forma de diminuir o consumo de oxigênio, fazendo o sangue circular mais lentamente. Também ocorre uma vasoconstricção periférica, ou seja, o sangue é redirecionado da periferia do corpo para os órgãos essenciais, aumentando assim o tempo que o animal consegue se manter em apnéia. Todo este conhecimento sobre o peixe-boi provém de estudos sobre esta espécie.

Hoje em dia existe uma consciência maior sobre a importância da conservação desta espécie e de toda a biodiversidade do planeta. Mas nem sempre foi assim. Há cerca de 260 anos atrás a tripulação de um barco que naufragou em um ilha no estreito de Bering descobriu o maior membro da ordem Sirênia, a Vaca-marinha de Steller, um animal que chegava a atingir 9 metros de comprimento. Vinte e sete anos depois, em 1768, o último exemplar desta espécie foi morto. Não conhecemos quase nada deste animal. O peixe-boi não irá seguir o mesmo caminho!

Material e fotos conseguidas através do Projeto Peixe Boi – Itamaracá/Brasil Para saber mais: http://www.projetopeixe-boi.com.br

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